Assim fazem todos - Missa do Papa em Santa Marta

A «mundanidade espiritual» é uma tentação perigosa porque «amolece o coração» com o egoísmo e insinua nos cristãos um «complexo de inferioridade» que os leva a uniformizar-se com o mundo, a agir «como fazem todos» seguindo «a moda mais divertida». Foi um convite a viver a «docilidade espiritual» sem «vender» a própria identidade cristã que o Papa Francisco expressou na missa celebrada sexta-feira 17 de Janeiro na capela da casa de Santa Marta.

Como nos dias passados, para a reflexão o Pontífice partiu da leitura litúrgica tirada do primeiro livro de Samuel. «Vimos – explicou – como o povo se tinha afastado de Deus, tinha perdido o conhecimento da palavra de Deus: não o ouvia, não o meditava». E «quando não há a palavra de Deus – disse – o lugar é ocupado por outra palavra: a própria palavra, a palavra do egoísmo, a palavra das próprias vontades. E também a palavra do mundo».

Meditando quanto é narrado no livro de Samuel «vimos – prosseguiu – como o povo, afastado da palavra de Deus, tinha sofrido aquelas derrotas» que tinham provocado muitíssimos mortos e deixado «viúvas e órfãos». Eram «as derrotas» de um povo que «se tinha afastado» do caminho indicado pelo Senhor.

Sem dúvida, esclareceu o Papa, «é verdade que o cristão deve ser normal, como são normais as pessoas. Já a Carta a Diogneto diz isto, nos primeiros tempos da Igreja. Mas - admoestou – há valores que o cristão não pode ficar com eles». Com efeito, ele «deve preservar para si a palavra de Deus que lhe diz: tu és meu filho, tu és eleito, eu estou contigo, eu caminho contigo». E «a normalidade da vida exige que o cristão seja fiel à sua eleição». Esta sua eleição nunca deve «ser vendida para se encaminhar rumo a uma uniformidade mundana: é esta a tentação do povo e também a nossa».

«A tentação – frisou o Pontífice – endurece o coração. E quando o coração é duro, quando não está aberto, a palavra de Deus não pode entrar». Não é ocasional que Jesus tenha dito «aos de Emaús: néscios e tardos de coração!»; tendo «o coração duro, não compreendiam a palavra de Deus».

Precisamente «a mundanidade amolece o coração». Mas faz-lhe «mal». Porque, observou o Papa, «nunca é uma coisa boa o coração mole. É bom o coração aberto à palavra de Deus, que a recebe. Como Nossa Senhora que meditava todas estas coisas no seu coração, diz o Evangelho». Eis a prioridade: «Receber a palavra de Deus para não se afastar da eleição».

Na oração no início da missa – recordou o Pontífice – pedimos a graça de superar os nossos egoísmos», em particular o de querer fazer a própria vontade. O Papa Francisco sugeriu, em conclusão, que renovássemos ao Senhor o pedido desta graça. E que invocássemos também «a graça da docilidade espiritual, ou seja, de abrir o coração à palavra de Deus». Para «não fazer como estes nossos irmãos que fecharam o coração porque se tinham afastado de Deus e há muito tempo não ouviam ou não compreendiam a Sua palavra». Que «o Senhor nos dê a graça – desejou – de um coração aberto para receber a palavra de Deus», para a «meditar sempre» e para «enveredar pelo caminho verdadeiro».


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