Quinta-Feira Santa



Como tudo começou
A partir do século quinto, na África e na Itália, a quinta-feira santa era chamada de “Feira quinta in coena Domini” (Quinta-feira da ceia do Senhor). Noutros lugares era chamada de “Natalis calicis” (Natal do Cálice) ou “Natalis Sacramenti” (Natal do Sacramento). No português antigo encontramos um nome que agora nos parece estranho: “Quinta – feira de Endoenças”. Endoenças quer dizer dores, sofrimento, paixão. Devido aos acontecimentos do Jardim das Oliveiras, em alguns lugares a quinta-feira santa era chamada de “Dia da Traição”.Antigamente havia três missas especiais para este dia. A primeira era a missa dos penitentes que se reconciliavam com a Igreja, depois de terem feito penitência durante a quaresma. A segunda missa, que ainda existe hoje em dia, era a missa da consagração dos santos óleos. A terceira, celebrada à tarde, durante a qual os fiéis podiam comungar sem estar em jejum, era a missa comemorativa da instituição da eucaristia.
Óleos Abençoados
É muito antigo o costume de consagrar, ou benzer, como no dia de hoje, os santos óleos que serão usados na Crisma, na Unção dos enfermos, no batismo e na ordenação sacerdotal. Data do século quinto e aos poucos o costume foi se tornando universal. Essa missa dos santos óleos era e é celebrada nas Igrejas catedrais. O bispo estava rodeado de seus sacerdotes diocesanos, que depois levavam os santos óleos para suas paróquias.
Mais Importante
À tarde da quinta feira santa era celebrada a instituição da eucaristia. Já no século quinto era também costume que nessa missa da tarde fossem consagradas as partículas para a comunhão de sexta-feira santa, dia em que não se celebrava a missa. É também costume antigo que essas partículas consagradas sejam conservadas num altar bem ornamentado numa capela lateral. Não menos antigo é o costume de, após essa missa, retirar as toalhas e outros enfeites do altar. Na Idade Média, era costume lavar o altar com água e vinho. Ao que parece atualmente essa cerimônia ainda é realizada no altar papal da Basílica de São Pedro em Roma.Todos nós conhecemos a cerimônia do “Lava-pés” que se faz na quinta feira santa. Relembra o gesto de Cristo que na última ceia lavou os pés de seus discípulos. Parece que na igreja primitiva era um gesto muito comum de caridade lavar os pés dos viajantes, principalmente dos pobres e pregadores que chegavam a uma casa. No tempo de São Gregório Magno, Papa, (de 590 a 604) era costume que cada dia treze, pobres comessem no palácio papal. Um cerimonial mandava que neste dia o Papa lavasse os pés desses pobres. Porque eram treze? Porque hoje em dia ainda, em muitos lugares, são treze as pessoas cujos pés são lavados? Talvez a explicação esteja no que se conta de São Gregório. Cada dia ele dava de comer a doze pobres. Um dia, os pobres eram treze, porque Jesus também tinha aparecido vestido como pobre. Daí em diante os pobres passaram a ser treze no palácio do papa e na cerimônia do lava-pés, que o papa fazia. Foi a partir de 694 que a cerimônia do lava-pés passou a ser obrigatória. A cerimônia do “Lava – pés” é também chamada: “mandato”, ou seja, mandamento do Senhor, pois conforme o Evangelho de João (13, 14), depois de ter lavado os pés discípulos disse Jesus: “Se, pois, eu quero sou o Senhor e Mestre vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns aos outros”.
Pe. Inácio Medeiros, CSsRSantuário Nacional